A vitória deste ano coube à canção "O Jardim", da dupla Isaura (letra, música e coros) e Cláudia Pascoal (interpretação). É preciso recuar ao ano de 1992 para encontrar a anterior e primeira dupla feminina a vencer o Festival da Canção. A canção vencedora foi "Amor d'Água Fresca" e as suas responsáveis foram Dina (música e interpretação) e Rosa Lobato de Faria (letra). Na Música, como noutras áreas neste País, a primazia do poder ainda permanece nas mãos masculinas que, passando a redundância, não abrem mão disso. Foi só no ano passado que a RTP, televisão pública portuguesa, decidiu convidar compositoras, pela primeira vez neste século XXI (e foi uma, a Luísa Sobral, que ganhou com a canção "Amar Pelos Dois", na voz do seu irmão Salvador)!A última vez do século XX que participaram compositoras foi em 1996, quando a RTP convidou a Dina para assinar uma composição, "Ai, A Noite". Pelo que se viu nos Festivais da Canção de 2017 e de 2018, em Portugal há muitas mulheres a criar músicas, letras e a cantar muito bem. E tendo em conta os resultados, conseguem ser mais originais que os homens. Será que Portugal fará uma dobradinha na Eurovisão 2018, que se realiza pela primeira vez em Portugal?
Dina foi a primeira compositora a pisar o palco do Festival da Canção. Foi em 1980. Dina, para além de ter feito a música também deu voz à sua composição "Guardado Em Mim" (letra de Eduardo Nobre), uma balada com um toque jazzístico, que está tão em voga nos últimos meses por estas terras lusas, graças ao efeito Salvador Sobral. Para além de Dina, só Maria Guinot conseguiu também a proeza de vencer este certame como autora, mas Guinot foi a primeira a conseguí-lo. Foi em 1984, com "SIlêncio e Tanta Gente" (letra, música e interpretação da sua responsabilidade). Como nota de curiosidade, Maria Guinot já tinha participado anteriormente no Festival da Canção, foi em 1981, dando a letra, música e voz ao tema "Um Adeus Um Recomeço".
Um dos particpantes na final do Festival da Canção deste ano, Peu Madureira, de 31 anos, para o jornal Observador mencionou as músicas do Festival que mais marcam os portugueses. Entre elas está "Amor d'Água Fresca" que, inclusivamente, trateou com o seu timbre fadista (para ver neste vídeo, a partir do minuto 14:50).
Rosa Lobato de Faria, na tarde de ontem, dia 2 de Fevereiro, não resistiu, aos 77 anos, à uma anemia, derivada a uma operação intestinal há alguns meses.
Escreveu a letra do «Amor d'Água Fresca», com o qual a Dina ganhou em 1992 o Festival RTP da Canção, o «Ai A Noite» com que participou em 1996 a Elaisa (com música e orquestração de Dina) e um álbum inteirinho da Dina, Sentidos (1997). Foi da Rosa a letra do tema de abertura da telenovela Telhados de Vidro (1993), com música e voz de Dina.
A parceria Dina-Rosa tinha começado em 1991, no álbum Aqui e Agora.
A Rosa, além de letrista para inúmeros artistas, foi poetisa, declamadora, prosadora e argumentista, assim como actriz.
Tinha terminado a pouco aquilo que viria a ser seu último livro, «A Menina e o Cisne». Este será lançado na próxima semana, pela Oficina do Livro.
O funeral da Rosa Lobato de Faria realiza-se esta quinta-feira, cerca das 16h00, no Cemitério dos Olivais, em Lisboa, antecedido por uma missa de corpo presente.
Não é a pessoa da Dina que vai participar, antes o manager, Miguel Castro - que pode ser visto nos vídeos que o nosso Jotacê gravou na FNAC, a tocar guitarra ao lado da Dina - como autor da letra e música dos Infantes de Sagres. Vamos dar-lhe uma mãozinha para estar entre as doze canções mais votadas, para estar na grande Final? No fim de contas, «O Beijo de Quando Vais Embora» é uma das melhores canções da lista!
Basta aceder a sítio da RTP e votar online, através de endereço de e-mail válido, até ao limite de três vezes por dia.
A votação decorre até 30 de Janeiro!
Aqui fica um excerto da participação, tem letra e música do próprio Miguel Castro:
Para além do Miguel Castro, compõem o grupo os seguintes elementos:
Post Scriptum: O grupo não conseguiu os votos online suficientes para ficarem no lote das doze (12) mais votadas, para serem apurados para a Final do Festival RTP da Canção. A RTP deu-se conta de irregularidades na votação, mas, ainda assim, apurou canções de gosto duvidoso e qualidade que deixavam muito a desejar. Vamos ver se é desta que ela, já cinquentona, aprende.
Miguel e Infantes de Sagres, espero que esta janela que se fechou (mas que se tinha aberto, para entrarem num universo de 24 canções à Semi-final, de mais de uma centena de maquetes enviadas à concurso!) não vos façam desistir de projectos futuros, plenos de portugalidade! Fica o meu agradecimento pessoal por este vosso contributo para a BOA música portuguesa. FORÇA!!!