Em um dia como hoje, 26 de Agosto, mas do ano 1988, faleceu o cantautor português Carlos Paião com apenas 30 anos de idade (nasceu a 1 de Novembro de 1957), vítima de um acidente de automóvel à ida para um concerto.
Autor de várias canções de sucesso, recordaremos neste espaço o último maior deles: "Quando as Nuvens Chorarem".
Ao preparar o seu segundo álbum, Intervalo, Carlos Paião convidou Dina para um dueto. A escolha recaiu na canção "Quando as Nuvens Chorarem", onde o carisma de Dina ficou bem cunhado sonoramente. Apesar da trágica morte de Carlos Paião ainda ser recente, o seu novo Lp foi lançado na data que já estava marcada, em Setembro. Das dez canções que compunham o Lp, a que teve maior sucesso foi aquela que abria o lado B do disco - "Quando as Nuvens Chorarem", - onde participa Dina. Foi lançado também uma cassete.
Desta canção foi lançado um single em dois formatos:
- Em vinil, onde no lado B estava "Perfume";
- E uma minicassete, cassingle, onde esta canção abria o lado A, seguida de "Perfume" e no lado B estavam as canções do single em vinil de 1986 "Cegonha" e "Lá Longe, Senhora".
Vai-se lá saber o porquê, em Portugal os duetos não fazem parte da discografia de ambos os intervenientes. Vamos agora recordar esta belíssima canção, onde a ausência faz-se presença graças ao encanto, nas grandes vozes de Carlos Paião e Dina:
Dina interpreta pela primeira e única vez ao vivo esta canção a 27 de Dezembro de 1992, com Joel Branco a substituir a parte correspondente ao Carlos Paião, em um belo e sentido programa-tributo do Júlio Isidro:
O Carlos Paião e a Dina eram basicamente da mesma idade - Dina nasceu a 18 de Junho de 1956. - Em 1987, no programa "Prova de Contacto" do Joaquim Letria, Carlos Paião recordava que foi num outro programa do Joaquim Letria, o "Tal & Qual", em 1980, que ele se estreou na televisão e que nesse mesmo programa estava a Dina, que foi a grande revelação desse mesmo ano. Carlos Paião vincou que "a Dina não desaprendeu de cantar" e lançou duras críticas às editoras, à televisão e à rádio por não tratar bem os artistas nacionais, fazendo-os desaparecer. Os artistas internacionais pagam melhor às rádios portuguesas para estas passarem a sua música 24 horas por dia em "loop" constante, enquanto os nacionais já não cabem na antena e ficam sem qualquer apoio. Apoio que deveriam de receber desse triângulo mal amanhado.
Curiosamente, segundo as crónicas da altura, o grande carinho e admiração que os portugueses tinham por Carlos Paião não se reflectiu, aparentemente, nas vendas de discos - tal como a Dina, - facto este revertido só após a sua morte, com as várias compilações editadas ao longo do tempo.
A Orquestra Filarmonia das Beiras lembrou Carlos Paião a 8 de Junho de 2014 em Anadia, num desafio lançado à esta pelo Centro Cultural de Ílhavo. Sob a direcção do Maestro António Vassalo Lourenço, o concerto “Reviver Carlos Paião” contou com a participação de Catarina Vita, Teresa Pereira, Raquel Garcia e André Lacerda nas vozes.
Listagem das Sete Telenovelas com participação de Dina na sua Banda Sonora, cujas canções andam perdidas à espera de uma digna compilação discográfica:
Além da canção do Genérico, Dina compôs outras canções para este telenovela, mais duas ou três segundo entrevista à Dina, cinco segundo Wikipedia. Nesta última fonte consta que da banda sonora da telenovela fizeram parte Dina, Karisma, Mafalda Sachetti (neta de Rosa Lobato de Faria) e Nucha. Desconhece-se a existência discográfica desta Banda Sonora. Mais uma mão de canções para um necessário (gordo) trabalho discográfico de MÚSICAS PERDIDAS de Dina.
»» Músicas de Dina incluídas:
Telhados de Vidro - Dina (Genérico)
(Música: Dina / Letra: Rosa Lobato de Faria)
Genérico na íntegra, na vozes de Ricardo Soler e de Carla Ribeiro:
»» Saber mais sobre a Banda Sonora: Não foi editada.
»» Curiosidade: Telhados de Vidro foi a primeira telenovela feita por por um canal privado português (a SIC só viria apostar neste tipo de conteúdos em 2001). Ia para o ar às 20h00, enquanto a concorrência emitia o noticiário. Este facto contribuiu bastante para a fraca audiência da telenovela, que em nada tinha a ver com a qualidade da mesma, aliás "fraca audiência" acontecia com a restante programação da TVI. É de lamentar que a TVI odeie o grande passo para a ficção nacional que foi Telhados de Vidro, não tratando este produto - filho primogénito do canal! - como trata os posteriores. As actrizes, os actores e todes aqueles que participaram na consumação desta telenovela deveriam ter o mesmo respeito, assim como o público em geral.
Dina sabia, desde sempre, que a Música era algo especial, não só como Profissão. "Há Sempre Música Entre Nós" fala da importância da musicoterapia no tratamento de doenças, assim como na prevenção delas. Passado 40 anos do lançamento desta canção, quem trabalha na área da saúde em Portugal prefere dar (leia-se vender!) drogas viciantes e destrutivas aos doentes, já que obtêm um retorno financeiro bastante rápido e compensatório, em vez de aplicar alternativas saudáveis e mais do que comprovadas a nível mundial! Cantar e/ou tocar algum instrumento musical é o melhor remédio!
A colecção de postais-musicais poderia continuar, mas infelizmente nem todas as canções de Dina foram editadas e tornadas públicas e acessíveis à população em geral. Por este motivo a canção de hoje, "Há Sempre Música Entre Nós", não é o fim, mas antes uma ponte de esperança para que as novas canções - assim como as não editadas/remasterizadas (os dois EPs de 1975 e 1976 e o Lp/CD "Aqui e Agora"), que não estão disponíveis nas dezenas de plataformas digitais, - da cantora e compositora Dina saiam à luz do dia o quanto antes em um trabalho discográfico que tarda, aliás, já vem bastante tarde!Fazem falta canções com esse timbre ímpar de Dina, com essas melodias que nos embala e encoraja a pegar na cornamenta da Vida! Obviamente, não se pode deixar de referir essas outras características tão pessoais de Dina, como é o seu scat singing e o som que ela tira da guitarra delicadamente dedilhada no seu fingerstyle, mesmo sendo autodidacta. Que as editoras discográficas em Portugal comecem a desempenhar a sua função de apoiar os artistas nacionais e não de os fazer desaparecer... Ou são pagos para isso?
Por todo o sempre, "que haja sempre música entre nós"!
- Vídeo (ao vivo, em 2008):
- Vídeo (ao vivo, em 2009):
- Vídeo (ao vivo em 2008, no programa do Herman José):
- Vídeo (excerto do videoclip oficial):
- Áudio:
- Áudio (regravação de 1993):
- Bónus (de inúmeras opções online, fica aqui uma audição da classe de guitarra Mahmet):
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"Músicas Entre Nós" designa uma série de postais musicais de Dina. O objectivo é, de uma forma concentrada, celebrar e recordar/dar a conhecer a Vida e Obra de Dina - essa onda sonhadora, humanista e artivista, - percorrendo as cinco décadas de canções com que Dina nos brindou. Que haja sempre música entre nós.